quarta-feira, 15 de julho de 2009

A genética do lucro “made in china” e seus ares socialistas

Brasileiro é assim. Vê alguém com o olhar puxado passar pelas nossas ruas, e, sem pestanejar manda: “É japonês!”. Ora, ora, ora! Esqueçamos estereótipos e miremos no oriente. Mas, não olhe o nascer do sol caro internauta, afinal, trato de economia. Também não falo da “Terra do Sol Nascente”. Há exato um mês para os Jogos Olímpicos, abrimos a série – China sem fronteiras – Os caminhos de Beijing 2008. Série válida a todas editorias.

As estórias infantis bem que contribuem com a fama chinesa. Em uma adaptação recente, o mundo conversa com a China. De repente, aquele indaga – Que olhos puxados você tem! – e da nação vermelha vem à resposta – É pra enxergar melhor! Brincadeiras à parte, os chineses viram a partir de 1978, na economia socialista de mercado, a saída para o crescimento médio superior a 10% por ano. Aliaram isso, a espetacular produção agrícola, com destaque para o arroz, à abundante matéria-prima energética e mineral, a exemplo do carvão. Assim, em 2007, o PIB chinês alcançou US$ 3,47 trilhões de dólares, aumentando 11,4% em relação a 2006.

Peço ao leitor que não entre em parafuso ainda! Afinal, a emergente China mostrou ao mundo sua receita para aliar lucro e socialismo em um só país. Com o interior dominado pela agricultura, fixada na porção oeste da república por meio de comunas, além de florestas, o presidente pós-revolução, Deng Xiaoping, começou a implantar métodos capitalistas na economia chinesa, através de reformas sociais e das ZEE (Zonas Econômicas Especiais), áreas abertas ao capital exterior e que oferecem incentivos fiscais e alfandegários.

O resultado da política do PC Chinês pôde ser vista por todos: US$ 1 trilhão em investimentos diretos estrangeiros; uma inflação média de 4,8% (em 2007); uma participação de 13% na economia do planeta; o posto de terceiro PIB mundial e graves disparidades regionais e sociais, como a média salarial do trabalhador chinês: US$ 50 a US$ 70/ mês. A massa de 300 milhões de operários, concentrada na porção leste, não conta com sindicatos independentes e ainda sofre com a concorrência da mão-de-obra advinda do Sudeste Asiático, ainda mais barata.

Um número chama mais atenção: 10% dos mais ricos detêm 45% da riqueza nacional, contra 10% dos mais pobres que têm somente 1,4%. Estatísticas que revelam o outro lado desta “República Popular”. Com 60% da população no campo, o país surpreende a todos pela quantidade de empresas estatais: mais 150 mil, o que faz o governo encorajar a privatização delas. Haja salários e dívidas para arcar! Depois falam do Brasil! Conhecer a um pouco da China, te animou, caro leitor?

Para que pensava que o país produzia apenas objetos piratas “made in China” e bilhões de habitantes a consumir o ar do planeta, eis a lição que eles deram ao mundo – como se faz uma verdadeira Olimpíada. Com as obras concluídas antes dos Jogos, o orçamento de US$ 2,1 bilhões das instalações não-estourado, com US$ 300 milhões investidos em segurança (500% mais barato que em Atenas) e 100 mil policiais nas ruas, junto a 60 mil voluntários e 300 mil câmeras, o país promete segurança, economia, espetáculo e lucro. É! Houve um crescimento de 0,8% a cada ano em decorrência dos Jogos Olímpicos de Pequim.

E na genética do lucro, palmas aos chineses! “Povo marcado, ê, povo feliz”.


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